quarta-feira, 13 de maio de 2020

Após conflito de versões entre ministros e Bolsonaro, Mourão sai em defesa de militares: "quem alinha discurso é bandido"

Foto: Andressa Anholete/Getty Images

Yahoo Notícias, 13 de maio de 2020

Os depoimentos dos ministros Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) à Polícia Federal conflitam com a declaração do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de que não citou o nome da corporação na reunião ministerial de 22 de abril.

De acordo com os ministros, que prestaram depoimento nesta terça-feira (12), Bolsonaro mencionou o nome da PF ao cobrar relatórios de inteligência. O presidente, contudo, nega ter citado nominalmente o órgão.

Diante desse conflito de versões, Hamilton Mourão, também militar e vice-presidente da República, defendeu os ministros em uma rede social utilizando palavras fortes. Quem alinha discurso é bandido. Homens de honra, como Augusto Heleno, Braga Netto e Ramos, falam a verdade e cumprem a missão, escreveu o vice-presidente.
Bolsonaro é acusado por Sergio Moro, agora ex-ministro da Justiça, de ter interesse em interferir politicamente na Polícia Federal para proteger sua família de investigações.
Confira o que disseram os ministros militares:
Braga Netto, Casa Civil
O ministro da Casa Civil, Braga Netto, afirmou em depoimento à Polícia Federal que o presidente Jair Bolsonaro "se queixava" do inquérito da PF sobre as declarações do porteiro de seu condomínio, mas disse que, no vídeo da reunião do conselho de ministros, em que ele diz que era preciso trocar o "segurança" do Rio, Bolsonaro estava se referindo a uma possível troca do seu segurança pessoal no Rio de Janeiro, e não sobre interferências na Polícia Federal.
Braga Netto manteve a mesma versão divulgada por Bolsonaro, de que suas reclamações na reunião se referiam à sua segurança pessoal. O ministro, porém, não explicou se havia inquéritos que justificariam a preocupação de Bolsonaro de que sua família e aliados pudessem ser alvo de perseguição no Rio de Janeiro.
"Questionado especificamente sobre eventuais investigações que incomodavam o presidente Jair Bolsonaro no Rio de Janeiro, recorda-se apenas que o presidente Jair Bolsonaro 'se queixava' de não terem sido esclarecidos por completo os fatos relacionados ao porteiro de seu condomínio, nem muito por ele, mas por se tratar de fatos relacionados ao cargo de presidente da República", afirmou Braga Netto.
Ele confirmou ter se reunido com Moro na véspera de seu pedido de demissão, mas negou que tenha se comprometido a tentar reverter a intenção do presidente de demitir o diretor-geral da PF Maurício Valeixo.
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Sobre a reunião do conselho de ministros, Braga Netto afirmou que as declarações de Bolsonaro sobre a troca da "segurança do Rio de Janeiro" não se referiam à Polícia Federal, mas sim a uma intenção do presidente de trocar seu segurança pessoal no Rio de Janeiro. A segurança de Bolsonaro e dos seus filhos é do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
A versão de Braga Netto contradiz a da defesa de Sergio Moro e de investigadores, que viram na fala do presidente uma pressão para trocar o chefe da PF no Rio de Janeiro. Segundo pessoas que assistiram ao vídeo, essa mudança teria o objetivo de evitar que seus familiares e amigos fossem prejudicados.
O depoimento de Braga Netto foi prestado no próprio Palácio do Planalto. Investigadores da PF e da PGR foram ao local colher o depoimento, que durou cerca de três horas.
Augusto Heleno, Gabinete de Segurança Institucional
O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Instituicional (GSI), Augusto Heleno, confirmou que o diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, se reúne "corriqueiramente" com o presidente e disse que a "amizade" entre eles "vem da época em que o presidente sofreu o atentado, e Alexandre Ramagem assumiu sua segurança".
Ramagem havia sido o nome escolhido por Bolsonaro para comandar a Polícia Federal no lugar de Maurício Valeixo, diretor indicado pelo ex-ministro Sergio Moro. Sua indicação, porém, foi barrada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que entendeu haver "desvio de finalidade" pela proximidade com a família do presidente. Em seu depoimento, Heleno confirma uma relação de proximidade entre Bolsonaro e Ramagem.
No início do depoimento, Heleno minimiza essa relação, afirmando que havia entre ambos "uma relação que não extrapola os limites de uma vinculação profissional entre chefe e subordinado". Depois, questionado pela defesa de Sergio Moro, afirmou que a “amizade [...] vem da época em que o presidente sofreu o atentado e Alexandre Ramagem assumiu sua segurança”. O ministro disse que, como Ramagem realizou segurança pessoal de Bolsonaro na campanha presidente de 2018 “é natural que haja proximidade tanto com o presidente como seus filhos”. Uma foto de Ramagem ao lado do vereador Carlos Bolsonaro no Réveillon de 2018 para 2019 foi publicada em uma rede social do filho do presidente e veio a público após a indicação de Ramagem.
Questionado se o presidente e Ramagem se encontram corriqueiramente, disse que “sim”. Sobre a indicação do delegado para comandar a PF, Heleno defendeu Bolsonaro e disse que "é natural" que o presidente queira "optar por uma pessoa mais próxima".
No depoimento, Heleno também afirmou que os relatórios de inteligência solicitados por Bolsonaro não diziam respeito a inquéritos sigilosos em andamento. O ministro disse ainda não se recordar do fato relatado por Moro, de que em uma ocasião Heleno teria concordo com o então ministro da Justiça de que os relatórios solicitados por Bolsonaro não poderiam ser fornecidos.
Luiz Eduardo Ramos, Secretaria de Governo
Já o ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) apresentou novas informações sobre a reunião gravada em vídeo no último dia 22 de abril e disse que o presidente Jair Bolsonaro ameaçou "interferir em todos os ministérios" para melhorar a qualidade dos relatórios de inteligência recebidos por ele.
Ramos ainda afirmou que, na referida reunião, Bolsonaro não se referiu à troca do superintendente da Polícia Federal no Rio, mas sim sugeriu que trocaria o chefe da sua segurança pessoal — versão repetida pelos outros dois ministros ouvidos nesta terça e também pelo presidente.
"Nessa reunião, o presidente Jair Bolsonaro se manifestou de forma contundente sobre a qualidade dos relatórios de inteligência produzidos pela Abin, Forças Armadas, Polícia Federal, entre outros, e acrescentou que para melhorar a qualidade dos relatórios, na condição de presidente da República, iria interferir em todos os ministérios para obter melhores resultados de cada ministro", diz o depoimento de Ramos.
Ramos afirmou ainda que Bolsonaro não direcionou a ameaça de demissão ao então ministro Sergio Moro, mas sim a Augusto Heleno. Segundo ele, Bolsonaro citou "a título de exemplo, se ele não estivesse satisfeito com sua segurança pessoal realizada no Rio de Janeiro, ele trocaria inicialmente o chefe da segurança e, não resolvendo, trocaria o ministro, e nesse momento olhou em direção ao ministro Heleno".
Em seu depoimento, Ramos disse que Moro pode ter tido "interpretação equivocada" sobre o teor da declaração de Bolsonaro na reunião.

***Com informações do Globo

EM TEMPO: O certo é que a presidente Dilma, foi impedida por motivo insignificante, mas que foi trabalhado pelas forças de Direita para tirá-la injustamente da presidência da república. Agora Bolsonaro, dar motivo diariamente e ainda está no cargo de Presidente. Vamos torcer para que o processo em curso ande celeremente para salvarmos a Democracia e impedirmos as mortes diárias ora provocadas pelo COVID 19. Observe que as forças bolsonaristas  já estão querendo detonar o novo Ministro da Saúde, Nelson Teich. Por outro lado, os militares  de alta patente estão numa "sinuca de bico" ao se envolverem com um presidente despreparado e psicopata. Parece-me que uma boa parcela da população gosta de votar errado. Procure melhorar  a qualidade do voto. Comece por seu município. Agora durmam com essa bronca. .  

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