© Rafael Arbex/Estadão. Acidente na Marginal do Tietê. |
ESTADÃO - Antônio Penteado Mendonça*
A quem interessa
acabar com o DPVAT? O DPVAT é o seguro obrigatório
de veículos automotores terrestres. Este seguro é o único arrimo de mais de 300
mil pessoas anualmente vitimadas pelos acidentes de trânsito. Na imensa maioria
cidadãos abaixo da linha de pobreza, espalhados de norte a sul do País.
Sem o DPVAT essas
pessoas ficarão sem proteção, justamente no momento em que mais necessitam de
um suporte para enfrentar as consequências dramáticas de um acidente de
trânsito. O seguro obrigatório indeniza morte, invalidez permanente total e
parcial e despesas médico-hospitalares. Quer dizer, não estamos falando de uma
batidinha atrás na saída de um semáforo. São acidentes de trânsito sérios,
capazes de desestabilizar uma família, seja pela morte, seja pela invalidez do
seu arrimo.
A indenização do
DPVAT é paga em casos de morte, invalidez permanente total ou parcial e para o
reembolso de despesas médicas hospitalares.
De acordo com as
estatísticas da Seguradora Líder, que administra o Consórcio do DPVAT, 75% das
indenizações são decorrentes de acidentes com motociclistas e a maioria das
vítimas é de jovens pobres entre 18 e 30 anos de idade, habitantes do Nordeste.
O DPVAT é um seguro
social que funciona. Indeniza 40 mil mortes e mais de 200 mil casos de
invalidez permanente todos os anos. Além disso, indeniza outros mais de 200 mil
casos de despesas médico-hospitalares. Menos de 20% da frota de veículos
brasileira tem seguro facultativo para indenizar terceiros em caso de
acidentes. Extinguir o DPVAT é deixar um número de vítimas superior ao total de
mortos na guerra da Síria sem nenhuma proteção efetiva.
Como se não
bastasse, 45% da receita do DPVAT, por lei, é destinada ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Para quem imagina que o número é pequeno, nos últimos dez anos foram repassados
R$ 37 bilhões ou, anualmente, mais ou menos 3% do orçamento total da saúde
pública brasileira.
O artigo poderia se
estender longamente a respeito de colocações absolutamente improcedentes do
ministro da Economia, entre elas a de que o SUS teria condições de atender as
vítimas porque já o faz. Isso não é verdade, até porque o SUS não indeniza
morte e invalidez. Como se não bastasse, o SUS, que não tem recursos para fazer
frente ao mínimo exigido dele, ainda por cima vai perder a verba destinada pelo
seguro.
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A Susep invoca como
ponto importante para extinguir o DPVAT os altos custos para a fiscalização da
Seguradora Líder. Ora, os custos de fiscalização da Susep são pagos pelas
seguradoras e não por ela. Assim, esse argumento também não procede.
Finalmente, o
governo não pode simplesmente tomar as reservas da Seguradora Líder da forma
como pretende. Trata-se de uma seguradora privada, que não recebe nenhum aporte
do governo, seja a que título for. A operação do DPVAT é uma operação de seguro
privado, sem um único centavo de dinheiro público envolvido. O que o governo
faz é determinar o capital segurado, por lei; precificar o seguro, por meio do
Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP); e, também pelo CNSP, determinar a
margem de lucro da operação do seguro obrigatório, atualmente na casa de 2%.
Entre secos e molhados, esta medida provisória é um erro monumental.
*É sócio de Penteado Mendonça e Char Advocacia e Secretário-Geral da Academia Paulista de letras.
EM TEMPO: A cada dia que se passa estamos perdendo nossos direitos sociais. Além de
conservadores/atrasados a maioria dos brasileiros são altamente despolitizados.
É a onde se explica a eleição de Bolsonaro, o qual é altamente despreparado
para administrar o país, deixando que a equipe econômica receite o "remédio amargo", enquanto o Presidente diz besteira. A população deveria votar sempre no melhor e não no
pior. Comece pelo seu município.
Perguntar não faz mal: Será que o Presidente vai recuar?
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