LEVI BIANCO VIA GETTY IMAGES |
Em
sua homilia na Basílica de Aparecida, dom Orlando Brandes defendeu o Sínodo da
Amazônia e disse que o mundo precisa da “vida ecológica".
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Em meio às tensões entre Brasil e
Vaticano por conta do Sínodo dos Bispos dedicado à Amazônia, o sermão do
arcebispo de Aparecida, dom Orlando Brandes, pelo dia que celebra a padroeira
do país foi marcado por um forte tom político.
Brandes presidiu na manhã deste sábado
(12) uma missa em comemoração pelo dia de Nossa Senhora Aparecida e tratou de
temas como aborto, suicídio, desemprego e corrupção, além de ter tecido
críticas à direita. Em sua homilia na Basílica de
Aparecida, o arcebispo também defendeu o Sínodo da Amazônia e afirmou que o
mundo precisa da “vida ecológica, da vida natural e da casa comum”. “Bendito
seja o Sínodo da Amazônia, que está pensando na vida daquelas árvores, daqueles
rios, daqueles pássaros, mas principalmente daquelas populações”, disse.
Em determinado momento, Brandes atacou
o “dragão do tradicionalismo” e chamou a direita de “violenta e
injusta”. “Estamos fuzilando o Papa, o Sínodo, o Concílio Vaticano
Segundo. Parece que não queremos vida, porque ninguém duvida que essa é a grande
razão do Sínodo, do Concílio, deste santuário, a não ser a vida”, declarou.
O Papa é alvo de ataques da direita
ultranacionalista em diversos países do mundo, como Estados Unidos, Brasil e
Itália, e também enfrenta resistência dentro do clero. Um cardeal americano,
Raymond Burke, chegou a convocar 40 dias de jejum contra o Sínodo da Amazônia,
o qual ele acusa de promover “heresias”.
A oposição a Francisco está ligada à
sua preocupação com igualdade social e preservação da natureza, mas também à
sua postura de não condenar homossexuais e divorciados. As declarações de
Brandes foram dadas poucas horas antes de um encontro com o presidente Jair
Bolsonaro, que visitará Aparecida por ocasião do dia da padroeira.
Segundo o portal G1, o arcebispo alegou depois da
missa que, ao criticar a “direita”, se referia à ideologia, e não a
governos. “Todo mundo sabe o que é direita, nós temos muitas pessoas que
não aceitam o Vaticano, o Papa, por visão tradicionalista. Sempre houve na
igreja a ideologia de esquerda e a ideologia de direita, e nós não podemos ser
ideológicos, precisamos ser pessoas da verdade”, disse.
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