domingo, 1 de setembro de 2019

CNBB reage a críticas sobre Sínodo da Amazônia



 
                                                                            ESTADÃO - Felipe Frazão

© FELIPE FRAZÃO/ESTADÃO D. Claudio Hummes, d. Alberto Corrêa e d. Walmor Azevedo falam sobre o Sínodo.

BRASÍLIA - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou neste domingo, 1.º, uma contra-ofensiva nas redes sociais e em veículos de comunicação católicos em defesa do papa Francisco e do Sínodo da Amazônia. A intenção é rebater críticas dentro e fora da Igreja, como do governo de Jair Bolsonaro e de alas conservadoras do clero. A campanha foi divulgada com duas frases para marcar o conteúdo nas redes sociais: #euapoioosínodo e #euapoioopapa.

A CNBB e a Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam) vão distribuir vídeos com depoimentos de bispos e uma série documental gravada durante a preparação do Sínodo, para mostrar a realidade da Amazônia na voz dos povos originários que participaram das escutas realizadas pela Igreja. A CNBB quer que as TVs católicas de todo o País também produzam conteúdo próprio em defesa do sínodo e do pontífice.

Como mostrou o Estado, grupos católicos conservadores, que desejam promover um contraponto ao Sínodo e rebater o que consideram como influências de esquerda nos trabalhos preparatórios, fizeram uma mobilização que envolve a divulgação de conteúdo on-line e campanhas nas ruas. Entre esses segmentos, está o Instituto Plínio Corrêa de Oliveira, ligado à antiga TFP (Tradição, Família e Propriedade). Com frequência, o papa é classificado como "comunista".

A iniciativa da CNBB também têm como objetivo rebater informações disseminadas por youtubers ligados a essa ala mais conservadora do catolicismo.
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Tais setores do clero e de entidades católicas rejeitam o conteúdo proposto no Documento de Trabalho do Sínodo, o texto-base para as as discussões entre os bispos que foram convocados a Roma pelo papa Francisco. No material, há capítulos de teor político e social e outra de cunho religioso. A primeira traz críticas ao grande capital e às classes políticas dominantes, a defesa dos indígenas e a denúncia da degradação ambiental na Amazônia.

 É nessa discussão que o governo manifesta preocupação com um possível ataque à soberania nacional, embora o clero diga que ela será respeitada. No conteúdo interno, duas sugestões tratadas como rupturas na Igreja: a aceitação de culturas originárias na liturgia católica e o ordenamento de padres casados.

Durante o último encontro dos bispos da Amazônia brasileira, o presidente da CNBB, d. Walmor Oliveira de Azevêdo, fez um apelo por apoio “de toda a Igreja” e por "entendimento por parte do governo". O presidente da CNBB afirmou que a Igreja não é uma “organização não-governamental, um partido ou um clube de amigos” e reconheceu a necessidade de "superar ruídos e equívocos internos", sem "negociar o inegociável".

“Quero focalizar a importância de uma compreensão, de uma participação e de apoio de toda a nossa Igreja ao acontecimento do Sínodo para a Amazônia. Queremos essa compreensão por parte de todos os segmentos da sociedade civil, incluindo as instâncias governamentais”, disse d. Walmor, arcebispo de Belo Horizonte (MG). “Não tem sentido grupo nenhum ou qualquer segmento na igreja atacar o sínodo, atacar esta ou aquela perspectiva, pois está garantida sempre a fidelidade à verdade e ao bem", disse o arcebispo durante encontro da delegação brasileira em Belém. “Não somos políticos como Igreja, nós dialogamos com eles, não somos empreendedores do mundo, dialogamos com eles.


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