ESTADÃO - Felipe Frazão
© FELIPE
FRAZÃO/ESTADÃO D. Claudio Hummes, d. Alberto
Corrêa e d. Walmor Azevedo falam sobre o Sínodo.
BRASÍLIA - A Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB) lançou neste domingo, 1.º, uma contra-ofensiva
nas redes sociais e em veículos de comunicação católicos em defesa do papa Francisco e do Sínodo da Amazônia. A intenção é rebater críticas dentro e
fora da Igreja, como do governo de Jair Bolsonaro e de alas conservadoras do clero. A
campanha foi divulgada com duas frases para marcar o conteúdo nas redes
sociais: #euapoioosínodo e #euapoioopapa.
A CNBB e a Rede
Eclesial Pan-Amazônica (Repam) vão distribuir vídeos com depoimentos de bispos
e uma série documental gravada durante a preparação do Sínodo, para mostrar a
realidade da Amazônia na voz dos povos originários que participaram das escutas
realizadas pela Igreja. A CNBB quer que as TVs católicas de todo o País também
produzam conteúdo próprio em defesa do sínodo e do pontífice.
Como mostrou
o Estado, grupos católicos
conservadores, que desejam promover um contraponto ao Sínodo e
rebater o que consideram como influências de esquerda nos trabalhos
preparatórios, fizeram uma mobilização que envolve a divulgação de conteúdo
on-line e campanhas nas ruas. Entre esses segmentos, está o Instituto Plínio Corrêa de Oliveira,
ligado à antiga TFP (Tradição, Família e Propriedade). Com frequência, o papa é
classificado como "comunista".
A iniciativa da
CNBB também têm como objetivo rebater informações disseminadas por youtubers
ligados a essa ala mais conservadora do catolicismo.
Tais setores do
clero e de entidades católicas rejeitam o conteúdo proposto no Documento de
Trabalho do Sínodo, o texto-base para as as discussões entre os bispos que
foram convocados a Roma pelo papa Francisco. No material, há capítulos de teor
político e social e outra de cunho religioso. A primeira traz críticas ao
grande capital e às classes políticas dominantes, a defesa dos indígenas e a
denúncia da degradação ambiental na Amazônia.
É nessa discussão que o governo
manifesta preocupação com um possível ataque à soberania nacional,
embora o clero diga que ela será respeitada. No conteúdo interno, duas
sugestões tratadas como rupturas na Igreja: a aceitação de culturas originárias
na liturgia católica e o ordenamento de padres casados.
Durante o último
encontro dos bispos da Amazônia brasileira, o presidente da CNBB, d. Walmor
Oliveira de Azevêdo, fez um apelo por apoio “de toda a Igreja” e por
"entendimento por parte do governo". O presidente da CNBB afirmou que
a Igreja não é uma “organização não-governamental, um partido ou um clube de
amigos” e reconheceu a necessidade de "superar ruídos e equívocos
internos", sem "negociar o inegociável".
“Quero focalizar a
importância de uma compreensão, de uma participação e de apoio de toda a nossa
Igreja ao acontecimento do Sínodo para a Amazônia. Queremos essa compreensão
por parte de todos os segmentos da sociedade civil, incluindo as instâncias
governamentais”, disse d. Walmor, arcebispo de Belo Horizonte (MG). “Não tem
sentido grupo nenhum ou qualquer segmento na igreja atacar o sínodo, atacar
esta ou aquela perspectiva, pois está garantida sempre a fidelidade à verdade e
ao bem", disse o arcebispo durante encontro da delegação brasileira em Belém.
“Não somos políticos como Igreja, nós dialogamos com eles, não somos
empreendedores do mundo, dialogamos com eles.
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