(Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino) |
Redação – Notícias Yahoo
RESUMO
DA NOTÍCIA
·
Governador
Wilson Witzel panfleta a política de “abate” ao defender o uso de snipers
· Nenhuma
das mortes em operações policiais aconteceu em áreas dominadas pela milícia
Entre janeiro e junho deste ano, o Rio de Janeiro
teve o maior número de mortos em operações policiais dos últimos 17 anos. De acordo com levantamento
feito pelo UOL, foram 881 vítimas – nenhuma delas em região dominada pelas
milícias.
A
informação vem do cruzamento de dados do Instituto de Segurança Pública, que
analisa os indicadores de violência do Rio de Janeiro, com pesquisas do Centro
de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, do
Observatório de Segurança RJ.
Dados
também foram coletados a partir de relatos de moradores e entrevistas com
especialistas em Segurança Pública. Foram consideradas áreas de milícia os
territórios apontados como domínio de paramilitares pelo Disque-Denúncia e
pelas polícias militar e civil.
Os
estudos mostram que todos os homicídios aconteceram em áreas sob domínio de
facções ligadas ao tráfico de drogas – em especial, o Comando Vermelho. A
assessoria do governo diz "não fazer distinção entre criminosos, sejam
eles integrantes de facções do narcotráfico ou de quadrilhas de milicianos. A
determinação é combater as organizações criminosas com igual rigor. As mortes
em intervenções de agentes do estado ocorreram nos locais onde houve
resistência armada às ações policiais".
"O
crescimento das milícias é o principal problema de criminalidade organizada que
o estado enfrenta hoje. O Rio exporta o fenômeno das milícias para outros
estados e só a cúpula de segurança fluminense não percebeu ainda que este é o
nosso maior desafio de violência e criminalidade", explica Sílvia Ramos,
cientista social e coordenadora do Observatório de Segurança.
O
Ministério Público do Rio de Janeiro não informou quantas investigações de
supostos excessos nas ações policiais estão em andamento. Nem a Polícia Militar
e nem o governo do estado responderam à pergunta sobre quantos armamentos e
munições foram encontrados com as vítimas.
“POLÍTICA
DO ABATE”
O
governador Wilson Witzel (PSC) é conhecido por defender uma política de
“abate”. Em junho passado, ao se referir à Cidade de Deus, onde foram
registradas 16 mortes, disse que "se estivesse em outros lugares do mundo,
nós tínhamos autorização para mandar um míssil naquele local e explodir aquelas
pessoas".
A
pesquisadora Sílvia Ramos questiona a eficiência dessa abordagem: "As
operações cresceram 42%, e a letalidade dessas ações aumentou 46%. O Rio está repetindo
o pior de suas políticas de segurança dos últimos 20 anos, com predominância
dos tiroteios e confrontos.
Governadores
de triste memória para o Rio, Moreira Franco (MDB) e Marcello Alencar (PSDB,
morto em 2014), também disseram, no início de suas gestões, que com eles os
criminosos não teriam vez. Adotaram as políticas do confronto e o Rio entrou na
escalada da expansão das armas que conhecemos", afirma.
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