terça-feira, 20 de agosto de 2019

Número de mortos pela polícia do RJ chega a 881 nos últimos 6 meses

(Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)


 Redação – Notícias Yahoo  

  
RESUMO DA NOTÍCIA
·         Governador Wilson Witzel panfleta a política de “abate” ao defender o uso de snipers
·        Nenhuma das mortes em operações policiais aconteceu em áreas dominadas pela milícia

Entre janeiro e junho deste ano, o Rio de Janeiro teve o maior número de mortos em operações policiais dos últimos 17 anos. De acordo com levantamento feito pelo UOL, foram 881 vítimas – nenhuma delas em região dominada pelas milícias.
A informação vem do cruzamento de dados do Instituto de Segurança Pública, que analisa os indicadores de violência do Rio de Janeiro, com pesquisas do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, do Observatório de Segurança RJ.
Dados também foram coletados a partir de relatos de moradores e entrevistas com especialistas em Segurança Pública. Foram consideradas áreas de milícia os territórios apontados como domínio de paramilitares pelo Disque-Denúncia e pelas polícias militar e civil.
Os estudos mostram que todos os homicídios aconteceram em áreas sob domínio de facções ligadas ao tráfico de drogas – em especial, o Comando Vermelho. A assessoria do governo diz "não fazer distinção entre criminosos, sejam eles integrantes de facções do narcotráfico ou de quadrilhas de milicianos. A determinação é combater as organizações criminosas com igual rigor. As mortes em intervenções de agentes do estado ocorreram nos locais onde houve resistência armada às ações policiais".
"O crescimento das milícias é o principal problema de criminalidade organizada que o estado enfrenta hoje. O Rio exporta o fenômeno das milícias para outros estados e só a cúpula de segurança fluminense não percebeu ainda que este é o nosso maior desafio de violência e criminalidade", explica Sílvia Ramos, cientista social e coordenadora do Observatório de Segurança.
O Ministério Público do Rio de Janeiro não informou quantas investigações de supostos excessos nas ações policiais estão em andamento. Nem a Polícia Militar e nem o governo do estado responderam à pergunta sobre quantos armamentos e munições foram encontrados com as vítimas.
“POLÍTICA DO ABATE”
O governador Wilson Witzel (PSC) é conhecido por defender uma política de “abate”. Em junho passado, ao se referir à Cidade de Deus, onde foram registradas 16 mortes, disse que "se estivesse em outros lugares do mundo, nós tínhamos autorização para mandar um míssil naquele local e explodir aquelas pessoas".
A pesquisadora Sílvia Ramos questiona a eficiência dessa abordagem: "As operações cresceram 42%, e a letalidade dessas ações aumentou 46%. O Rio está repetindo o pior de suas políticas de segurança dos últimos 20 anos, com predominância dos tiroteios e confrontos.
Governadores de triste memória para o Rio, Moreira Franco (MDB) e Marcello Alencar (PSDB, morto em 2014), também disseram, no início de suas gestões, que com eles os criminosos não teriam vez. Adotaram as políticas do confronto e o Rio entrou na escalada da expansão das armas que conhecemos", afirma.


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