WILLIAM CARDOSO
Folhapress, 6 de julho de 2019
Uma ação do serviço de remoção e
higienização da Prefeitura de São Paulo, conhecido como rapa, levou neste
sábado (6) roupas, mantas, colchões e objetos pessoais, entre outras coisas, de
três moradores de rua que cuidam da praça Chão de Giz, no cruzamento das
avenidas São João e Duque de Caxias, na República, na região central.
Abandonada pelo Poder Público por
anos, a praça foi revitalizada pelo morador de rua Alexandre Pinto Martinez, 43
anos, que vive no local ao lado de outras duas pessoas. Dependente químico, ele
fez jardinagem, pintura e a conservação do espaço, que fica próximo à
cracolândia. A vida de Martinez foi retratada em reportagem do jornal Folha de
S.Paulo há dois anos.
Neste sábado, na manhã seguinte à
madrugada mais fria do ano na capital (a temperatura mínima chegou a 7,4°C),
Martinez foi surpreendido por volta das 11h com a chegada do rapa, sob a gestão
do prefeito Bruno Covas (PSDB).
Esperaram os dias mais frios, em
pleno sábado, para vir aqui e dizer que tinha um monte de madeira na praça.
Chegaram arrastando barraca, mochila, ferramentas. Pisaram nos quadros e nas
molduras, diz.
A preocupação de Martinez agora é com
as noites geladas que se aproximam. Levaram roupas, mantas e colchão, que
estava secando. Fiquei só com a roupa do corpo, afirma. Eles levaram até um
carrinho de mercado que foi recebido como doação, que a gente usa para carregar
água para molhar as plantas, diz.
O morador de rua explica que, antes
de sua chegada, a praça estava completamente abandonada. Depois, foi pintada e
recebeu jardinagem feita por ele. Concordo que não tenho papel, que estou no
espaço público. Mas, independentemente disso, esse espaço público antigamente
era um 'cracódromo', um fumódromo, afirma.
Também morador da praça, João Roberto
Silva Temporini, 28 anos, discorda da forma como os funcionários da prefeitura
agiram. Vejo como saqueadores. Levaram só o que interessava para eles. Os
cacarecos, eles não quiseram levar, afirma.
Eu tive que abraçar a televisão,
porque queriam levar, assim como o fone de ouvido do Alexandre. Quiseram tomar
o balde com pincéis e tinta, tudo novo. Nós ganhamos esse material, foi um voto
de confiança das pessoas. A gente pode produzir aqui, explica.
Segundo Temporini, a GCM (Guarda
Civil Metropolitana) chegou depois de o rapa ter iniciado a remoção.
Perguntaram se a gente não iria ficar bravo. Enquanto isso, os funcionários da
prefeitura já queriam levar meus livros referentes a plantações e artes, os
dicionários também, afirma.
Parte da ação foi filmada à distância
e colocada em vídeo em rede social.
OUTRO LADO
A Subprefeitura Sé diz que realiza
serviços de zeladoria urbana diariamente nas ruas da região central, mantendo o
respeito aos moradores de rua.
Segundo a subprefeitura, o vídeo
postado nas redes sociais e citado pela reportagem mostra a equipe dialogando
com os moradores da praça.
A administração municipal diz que, em
ações de zeladoria onde há algum acúmulo de materiais que impedem a circulação
ou livre passagem, os moradores são orientados a ficar com seus pertences
pessoais, conforme o decreto Nº 57.581.
Não houve truculência com os
moradores e as plantas do local não foram pisoteadas, afirma a subprefeitura.
Segundo a gestão Covas, os
procedimentos que orientam as ações constam no decreto Nº 57.581, de 20 de
janeiro de 2017. As equipes de zeladoria urbana devem respeitar os bens das
pessoas em situação de rua. É vedada a subtração, inutilização, destruição ou a
apreensão dos pertences da população em situação de rua, em especial de bens
pessoais, tais como documentos de qualquer natureza, cartões bancários,
sacolas, medicamentos e receitas médicas, livros, malas, mochilas, roupas,
sapatos, cadeiras de rodas e muletas; de instrumentos de trabalho, tais como
carroças, material de reciclagem, ferramentas e instrumentos musicais."
A gestão municipal diz que poderão
ser recolhidos objetos que caracterizem estabelecimento permanente em local
público, principalmente quando impedirem a livre circulação de pedestres e veículos,
tais como camas, sofás e barracas montadas ou outros bens duráveis que não se
caracterizem como de uso pessoal.
Quanto aos casos de abusos, a secretaria orienta
procedimentos de formação e instrução dessas equipes periodicamente, diz, em
nota.
COMENTÁRIOS:
1 - Na Democracia Burguesa Brasileira a população é convocada para votarem em seus representantes e administradores, a maioria carrascos, que vão lhe explorar e oprimir no próximo período. Exemplos existem aos montes;
2 - Aqui em Garanhuns/PE, a Prefeitura, através dos seus órgãos afins deveria recolher e tratar a população doente que fica pedindo esmola no Centro da Cidade, bem como aqueles que ficam dormindo a céu aberto, isto é, sob o abrigo das marquises das lojas. Aqueles que são oriundos de outras cidades, cuida e manda a conta para a Prefeitura de suas respectivas cidades.
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