Crédito: Alan Santos/PRSergio Moro, assume cargo como ministro da Justiça e Segurança Publica do governo Bolsonaro. |
Por: Gilberto Dimenstein |
Irritado com o resultado da pesquisa
sobre seu pacote anticrime, o ministro Sergio Moro (Justiça) foi ao Twitter
para desqualificar o Datafolha, responsável pelo levantamento.
A pesquisa publicada na quinta-feira
(11) revela que a maioria dos brasileiros é contra pontos-chave do pacote
anticrime apresentado por Moro ao Congresso em fevereiro.
Para o jornalista Reinaldo Azevedo, em sua coluna
na Folha, o ministro recorre às redes sociais para inflar
as milícias digitais pró-governo.
“Parece que não gostou de ver as suas
propostas, transformadas em perguntas, sem as fantasias diversionistas da
linguagem burocrática. Postas as suas proposições a nu, em particular as
mudanças que pretende fazer nos artigos 23 e 25 do Código Penal —que confeririam
licença explícita para matar—, o homem se zangou”, escreveu.
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“É compreensível que o ministro,
então, tenha resolvido expor o que ele eventualmente chamaria “rugas” —ainda
que quisesse dizer “rusgas”— com a pesquisa Datafolha. O doutor quer para o
artigo 23 do Código Penal um parágrafo 2º que estabeleceria o seguinte: “§ 2º O
juiz poderá reduzir a pena até a metade ou deixar de aplicá-la se o excesso
decorrer de escusável medo, surpresa ou violenta emoção”. Pergunta o Datafolha:
“Uma pessoa que atira em alguém por estar muito nervosa não deveria ser punida?
É verdade. A pergunta é desagradável. Mas é disso que trata o “excesso” em
razão de “escusável medo, surpresa ou violenta emoção”. Até porque, convenham,
todo medo é, a seu modo, escusável. Nunca se sabe quando um motefóbico pode
sair atirando em gente em razão de seu medo escusável de borboletas.
Moro ficou bravo. Vai que as pessoas
compreendam que, primeiro, ele colaborou para armar a sociedade, com a
flexibilização da posse de armas, e, em seguida, resolveu alargar enormemente
as circunstâncias em que seu uso letal seria “escusável”. Eis a carnificina do
iluminista das trevas.
Publicado em 13/04/2019
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