OLHAR COMUNISTA
A declaração de
Bolsonaro, que reafirma a colocação do ministro das Relações Exteriores,
Ernesto Araújo, de que o Nazismo, na Alemanha de Hitler, foi um movimento de
esquerda é prova de profunda ignorância, hipocrisia e má-fé.
A ignorância é clara.
Não há nenhuma dúvida quanto ao caráter de direita do Nazismo e do Fascismo. O
Museu do Holocausto, em Jerusalém, define o Nazismo, claramente, como um
movimento de extrema direita, citando, além do elemento racista – a alegada
superioridade da raça ariana que “justificava” a perseguição a minorias como os
ciganos e os homossexuais – e o extermínio, em escala industrial, de seis
milhões de judeus, o fato de que foram também perseguidos e mortos milhares de
militantes socialistas e comunistas.
A expansão militar da
Alemanha, antes e durante os primeiros anos da Segunda Guerra Mundial, foi
organizada para subjugar, escravizar e exterminar outros povos, fazendo parte
da estratégia de conquista do chamado “espaço vital” alemão, forma encontrada
pelos nazistas para tirar, por meio da guerra imperialista e anexação de
territórios, a Alemanha da grande crise em que vivia, como consequência da
crise geral do sistema capitalista que explodiu em 1929. Naquele período foram
abolidas todas as liberdades democráticas naquele país, dando início a um
regime ditatorial e sanguinário.
Todas as
universidades importantes do mundo e todo o sistema científico definem o
Nazismo como de extrema direita. O Nazismo que vigorou na Alemanha nos anos
1930 e levou à guerra, de 1939 a 1945, teve claro apoio das grandes empresas
alemães, com destaque para o grupo Krupp. O Nazismo era apoiado por e se
voltava para a atender os interesses da grande burguesia, que usufruiu das
benesses e riquezas geradas pelo esforço de guerra, o qual incluía jornadas
estendidas dos operários e trabalho escravo dos prisioneiros judeus. Todo o
esforço de guerra foi contratado junto às empresas capitalistas, que, ao final
do conflito, tinham fortunas depositadas em bancos suíços, muitas das quais se
mantêm até hoje. Seus donos mantiveram-se milionários.
A hipocrisia é o
desconhecimento ou a não alusão intencional aos movimentos de hoje que se
reivindicam nazistas. Os supremacistas brancos dos Estados Unidos, os
neonazistas europeus e grupos assemelhados que atuam em diversos países, como o
Brasil, também têm, como seus alvos preferenciais, as minorias éticas, os
negros, os homossexuais, as mulheres, os pobres em geral, assim como os
comunistas e socialistas. No caso europeu e nos EUA, os alvos principais são os
imigrantes. São movimentos que hoje se identificam com o ultraliberalismo – que
favorece a classe dominante, os grandes empresários – e se utilizam de métodos
violentos de ação. Muitos grupos com essa caracterização apoiam o atual governo
brasileiro e se comportam dessa forma.
A má-fé é a intenção
de tentar livrar do governo e de movimentos e grupos que o apoiam a
caracterização de nazistas, mesmo com todos os elementos comuns que apresentam,
em seus pronunciamentos e ações, com essa ideologia. A defesa da ditadura empresarial
militar no Brasil, da prática da tortura, do extermínio de índios e
quilombolas, da homofobia e os ataques às liberdades democráticas são alguns
desse elementos. E é clara a intenção de gerar confusão, descaracterizar e
atacar as esquerdas em geral e, em particular, os socialistas e comunistas, os
ideais de fraternidade, justiça social e igualdade, o que de melhor a
humanidade já produziu como proposta para o seu porvir.
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