quinta-feira, 31 de julho de 2025

Resistir nas ruas à chantagem imperialista!


 


Nota Política do Partido Comunista Brasileiro (PCB)

O Brasil está diante de uma escalada agressiva do imperialismo sob o comando de Donald Trump. As sanções econômicas, o ultimato político e a chantagem explícita revelam que se trata de uma guerra econômica calculada cujo objetivo é impor a submissão completa do país aos interesses dos Estados Unidos, desorganizar a economia brasileira e enfraquecer os BRICs. 

As exigências apresentadas por Trump, como anistia a Bolsonaro, desmonte do PIX, entrega das terras raras, entre outras, são ultrajantes, beiram o absurdo e foram elaboradas justamente para serem rejeitadas, de forma a criar um pretexto para uma campanha que justifique as sanções e a desestabilização econômica.

Além disso, Trump ataca particularmente o sistema judiciário brasileiro, em especial o STF, na pessoa do ministro Alexandre de Moraes, com o intuito de desmoralizá-lo, reforçando o pretexto para desestabilizar o país. É preciso lembrar que o referido ministro, atuando em suas funções constitucionais, só define sanções contra quem é processado por aquela Corte, em decisão tomada pela maioria de seus membros.

Trata-se de uma estratégia de força com o objetivo de enquadrar o Brasil numa espécie de efeito demonstração tanto para os outros países da periferia capitalista quanto para anunciar até que ponto o imperialismo é capaz de agir para atingir seus objetivos. O imperialismo dos EUA vive uma crise profunda e tenta restabelecer sua liderança global mediante a coerção. Como Trump não pode enquadrar economicamente a China nem militarmente a Rússia, escolheu o Brasil como elo frágil da cadeia dos BRICs, tentando transformar nosso país numa espécie de laboratório de testes dessa política imperialista. Isso porque o Brasil está no coração da América Latina, considerada quintal pelos EUA; a economia brasileira está profundamente entrelaçada aos fluxos comerciais e financeiros controladas por bancos dos Estados Unidos; nossas reservas estão, em sua maior parte, aplicadas em títulos e bancos controlados pelo imperialismo estadunidense.

Além disso, o Brasil abriga uma poderosa quinta-coluna interna, composta pela extrema-direita bolsonarista, com setores do parlamento, militares e grandes empresários, governadores e prefeitos, dentre outros, que agem abertamente em consonância com os interesses imperialistas. Essa base social, infiltrada nas instituições, vai tentar sabotar de todas as formas qualquer esforço de resistência às chantagens de Trump, cujo governo serve de articulador e potencializador dessa extrema-direita, que possui na Argentina um aliado local (América do Sul). 

Muitos desses setores já estão defendendo abertamente as sanções contra o Brasil, o que revela, na prática, que o bolsonarismo é não só uma linha auxiliar dos interesses dos Estados Unidos no interior do território brasileiro, mas um movimento de traição nacional, que no atual momento atua fortemente com o objetivo de desestabilizar o governo Lula. Tal articulação interna precisa ser firmemente combatida e desmoralizada, com a exigência da prisão imediata de Bolsonaro e todos os golpistas.

A resposta do governo Lula a essa conjuntura, apesar das declarações reafirmando a soberania nacional, tem sido até agora insuficiente porque se limitou a reuniões com setores empresariais afetados pelas medidas de Trump, buscando articulações para abrir canais de negociação com o governo dos EUA, o que não surtiu efeito algum até agora. O governo não trata com a devida dimensão o ataque imperialista e prioriza as negociações por meio de ações diplomáticas e institucionais, até porque segue representando essencialmente os interesses da burguesia brasileira, em especial o agronegócio. 

O problema é que a resistência à ofensiva imperialista sem a mobilização popular é suicídio, até porque a burguesia brasileira, em todos os momentos de grave crise, sempre se perfilou ao lado do imperialismo. Resistir com as massas nas ruas não é apenas uma opção, mas uma necessidade imposta por essa conjuntura difícil em que nos encontramos.

Diante de uma conjuntura dessa ordem, o Brasil deve estar preparado para atuar no pior cenário. Preparar para o pior cenário não se trata de nenhum alarmismo, mas compreender que a ausência de preparação é o caminho para a debilidade da resistência. Isso exige uma estratégia clara e corajosa, que envolve um conjunto de ações fundamentais. Para enfrentar essa grave conjuntura, é fundamental organizar a resistência popular, mediante a convocação dos sindicatos, das organizações populares e da juventude mediante grandes mobilizações nas ruas, nos locais de trabalho, nos bairros, escolas e universidades, de forma a construir uma grande frente social e política para combater as investidas do imperialismo no Brasil.

É fundamental que o governo declare essa conjuntura como um período emergencial, semelhante ao que ocorreu com a Covid, e mude as regras da economia, com a revogação do arcabouço fiscal e das contrarreformas, de forma a proteger a produção, os empregos e os investimentos, garantindo os direitos da classe trabalhadora. É necessário redirecionar os produtos de exportação taxados pelo tarifaço de Trump para o mercado interno e para a merenda escolar, barateando o preço dos alimentos. Além disso, torna-se urgente transferir as reservas cambiais brasileiras para instituições financeiras seguras, fora da órbita do controle dos Estados Unidos. 

O Brasil não pode deixar quase U$ 400 bilhões sob a guarda do inimigo, sujeitos a bloqueios e confiscos. O Brasil precisa também buscar canais comerciais alternativos, procurando redirecionar parte significativa das exportações para os mercados do Sul Global, além de estreitar a cooperação econômica, tecnológica e até militar com a China e Rússia, como forma de dissuadir qualquer aventura intervencionista.

As sanções podem também se tornar uma oportunidade histórica, uma vez que a arrogância do imperialismo dos EUA pode contribuir com a indignação popular. É preciso intensificar a mobilização nas ruas, locais de trabalho, estudo e moradia, para combater os ataques do imperialismo, a extrema-direita e mudar a correlação de forças na perspectiva dos interesses populares. O conjunto do esforço de mobilização popular deve convergir para a criação de uma Frente de Mobilização Popular, na defesa da soberania nacional e popular, contra a reforma administrativa, pela redução da jornada de trabalho para 30 horas sem redução de salário e contra a escala 6 x 1, além da criação de uma Lei de Responsabilidade Social, que incorpore as demandas mais sentidas dos trabalhadores e das trabalhadoras.

Não podemos aceitar a pressão do imperialismo de Trump para anistiar Bolsonaro e demais golpistas. Devemos reforçar a campanha SEM ANISTIA, pela prisão de todos os golpistas e seus financiadores e apoiadores.

É hora de transformar a quadra atual em oportunidade para a construção de um novo rumo para o país na perspectiva do poder popular e do socialismo. Resistir com as massas às chantagens imperialistas!

ABAIXO O IMPERIALISMO! TODOS AOS ATOS DE 01/08!
EM DEFESA DA SOBERANIA, NA PERSPECTIVA DOS INTERESSES POPULARES!
SEM ANISTIA! PRISÃO PARA BOLSONARO E TODOS OS GOLPISTAS!
PELO PODER POPULAR, RUMO AO SOCIALISMO!

Comissão Política Nacional do PCB

quarta-feira, 30 de julho de 2025

Transparência Internacional diz que aplicação da Lei Magnitsky a Moraes é ‘alarmante e inaceitável’

·         30/07/2025

  • Texto extraído do Blog do Magno Martins
  • - Edição de Camila Emerenciano


 

 

 

 




A Transparência Internacional – Brasil divulgou nesta terça-feira uma nota pública em que classifica como “alarmante e inaceitável” o uso da Lei Global Magnitsky pela administração Trump para impor sanções ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A entidade vê motivação política na medida, tomada contra o relator dos inquéritos que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e alerta para o risco de instabilidade institucional no país.

“Tal medida apenas fomentará mais instabilidade política no Brasil”, afirma o texto, que critica a aplicação seletiva da legislação americana, originalmente criada para punir violações graves de direitos humanos e atos de corrupção em nível global. A entidade faz críticas ao STF, mas sustenta que nem eventuais excessos do Judiciário brasileiro justificam interferência externa. As informações são do jornal O Globo.

“A Transparência Internacional – Brasil tem feito críticas recorrentes ao STF, tanto pela impunidade generalizada em casos de corrupção quanto por abusos de poder cada vez mais normalizados. […] No entanto, nada disso justifica a interferência de um governo estrangeiro que desrespeita princípios fundamentais do direito, como a soberania nacional e a separação dos poderes”, diz a nota.

Nesta quarta-feira, o governo de Donald Trump anunciou ter incluído o ministro Alexandre de Moraes na lista de pessoas alvo de sanções previstas na Lei Magnitsky, que prevê o bloqueio de bens que estejam nos Estados Unidos. Isso inclui desde contas bancárias e investimentos financeiros até imóveis, por exemplo. Os sancionados tampouco podem realizar operações que passem pelo sistema bancário dos Estados Unidos.

A lei Magnitsky foi sancionada pelo então presidente americano Barack Obama em 2012 e foi originalmente criada para punir os responsáveis pelo assassinato do advogado e militante russo Sergei Magnitsky, opositor de Vladimir Putin morto em uma prisão em Moscou em 2009.

A organização ainda aponta um “duplo padrão” por parte da Casa Branca ao sancionar Moraes, mas poupar aliados considerados estratégicos, mesmo diante de acusações graves. O documento menciona diretamente os presidentes Nayib Bukele, de El Salvador, e Viktor Orbán, da Hungria, além de seus aliados políticos.

O caso do ministro húngaro Antal Rogán, por exemplo, é citado pela entidade como sintoma da incoerência: “Apesar de evidências claras de abuso sistêmico e corrupção, sua remoção da lista de sanções ilustra como a lei é aplicada de forma inconsistente — não apenas em relação a quem é incluído, mas também a quem é excluído”.

Ao comparar o tratamento dado a Moraes com a leniência demonstrada com regimes autoritários, a entidade vê uma “instrumentalização do discurso de direitos humanos para fins geopolíticos”, e conclui: “A aplicação seletiva enfraquece ainda mais a credibilidade do regime global de sanções e reforça preocupações de que ele esteja sendo usado como ferramenta de conveniência política, e não de responsabilização baseada em princípios”.

terça-feira, 29 de julho de 2025

Como a impunidade favorece crescimento de grupos neonazistas em Pernambuco

·         29/07/2025

  • Texto extraído do Blog do  Magno Martins
  • - Edição de Camila Emerenciano
Por Inácio França – Marco Zero Conteúdo


 

 

 

 




Na manhã de terça-feira, 22 de julho, Maria Lucineide Pereira, atendeu a uma chamada de voz pelo whatsapp de um homem que dizia ser o comissário de polícia Moacir – o nome que aparecia no perfil era Moacir Costa – perguntando se ela ainda tinha a cópia do boletim de ocorrência da pichação de suásticas nazistas nas paredes do centro de formação do MST e do incêndio criminoso que destruiu seu quarto, em um anexo do centro, na zona rural de Caruaru, em novembro de 2022. Ela achou esquisito, mas confirmou ter o documento guardado.

Minutos depois, a agricultora Lucicleide Silva recebeu ligação do mesmo número, perguntando sobre o b.o. do ataque ao seu lote de terra, vizinho do centro. As duas se encontraram em seguida, confirmando que a origem da ligação era o mesmo número. As duas mulheres acharam aquilo muito esquisito.

Mais esquisito ainda porque, no dia seguinte, elas iriam encontrar uma equipe do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) para tratar exatamente do tema que tanto merecia a atenção do suposto policial: os ataques e pichações sofridas pelo centro de formação em novembro de 2022, logo após a eleição presidencial em que Lula derrotou Bolsonaro.

Desde então, a única vez que as polícias Civil e Federal se interessaram pelo assunto foi no dia seguinte ao ataque, quando jornalistas e cinegrafistas também estavam por lá.

O ataque ao centro de formação do MST em Caruaru aconteceu na madrugada do sábado, 12 de novembro de 2022. As paredes do prédio onde funciona a sede administrativa foi pichado com suásticas, símbolo nazista, e com a palavra “mito”.

A casa onde mora a coordenadora Lucineide Pereira foi arrombada e incendiada. Dias depois, om lote de terra onde vivem Lucicleide Silva e seu pai, Sebastião, foi invadida, os animais foram soltos e a casa de taipa que servia de depósito para sementes e ferramentas de trabalho foi incendiada e destruída.

Na quarta-feira, elas contaram das chamadas de voz para Carlos Nicodemos e Edna Jatobá, representantes do CNDH. “Fora essas ligações estranhas, a Polícia nunca mais nos procurou para dar alguma satisfação ou apresentar o resultado da investigação”, afirmou Lucineide.

Na sequência de encontros com autoridades pernambucanas, a equipe do CNDH que apura como os estados combatem grupos neonazistas entenderam a razão daquelas chamadas do tal comissário Moacir. “Até esse momento, não sabemos quem estava investigando o caso dois ataques em Caruaru. Perguntamos à Polícia Federal e à Polícia Civil quais os desdobramentos dos inquéritos e ninguém nos soube dizer nada”, afirma o conselheiro Nicodemos, relator da missão do CNDH.

Além de escutar os relatos das agricultoras em Caruaru, a missão do CNDH manteve uma extensa agenda institucional no Recife, onde foram recebidas pela governadora Raquel Lyra, pelo procurador geral de Justiça na sede do Ministério Público, pelo superintendente da Polícia Federal, Polícia Civil e secretarias estadual e municipal de Educação. A equipe também participou de um seminário onde pesquisadores apresentaram seus estudos sobre o tema.

“Nossa tarefa é de controle externo, então o que estamos realizando é uma investigação administrativa para entender como os estados lidam com as ameaças neonazistas e ataques de ódio, como respondem a isso e qual a capacidade instalada possuem para dar a resposta adequada”, explicou Nicodemos. Em Pernambuco, só o prefeito do Recife, João Campos, e seu vice, Victor Marques, alegaram não ter tempo na agenda para receber os representantes do Conselho.

Automutilação

Na reunião com gestores da secretaria estadual de Educação e diretoras de escolas, a missão conheceu uma iniciativa recém-implantada pelo governo estadual que, com um mês de funcionamento, revelou que a presença de grupos neonazistas em Pernambuco pode ser mais profunda do que parece. Trata-se do Registro de Ocorrência Escolar (R.O.E.), criado pela lei estadual 18.532, o marco legal de enfrentamento à violência escolar no estado.

No processo de criação do R.O.E., dezenas de educadores passaram por treinamento na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), onde foram capacitados para fazer monitoramento de movimentos extremistas e neonazistas nas escolas da rede estadual de ensino. O objetivo é prevenir mortes como as que aconteceram em ataques em outros estados do país.

De acordo com Érica Del Giudice, assessora técnica do CNDH e mestre em Políticas Públicas em Direitos Humanos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), “no encontro com a secretaria de Educação, ficamos sabendo que o registro foi criado em maio mas, logo depois, entrou em inatividade com as férias escolares. Mesmo assim, bastou um mês para que dois casos de ação neonazistas fossem identificados em escolas públicas”.

Com nomes e escolas mantidas sob sigilo, a Secretaria da Educação informou que, no primeiro caso, um adolescente cometeu automutilação para “tatuar” uma suástica na pele. E isso, segundo Del Giudice, é um péssimo sinal, a ponta de um iceberg assustador: “a automutilação é um desafio imposto por comunidades ou grupos neonazistas, indicativo que não se trata de um lobo solitário”.

O segundo caso diz respeito a material impresso encontrado dentro de um caderno, onde já havia várias suásticas e outros símbolos extremistas desenhados.

Células ou organismos?

Como aconteceu nos três primeiros estados que receberam a missão – Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina -, a agenda pernambucana encerrou-se com uma audiência pública no auditório da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil. A ideia era colher relatos e denúncias específicas sobre a atuação de grupos extremistas, neonazistas e discurso de ódio.

Apesar da maior parte dos participantes ter preferido discursar sobre bandeiras gerais da chamada agenda progressista, o líder comunitário Francisco Santana, morador do Ibura, se ateve à pauta proposta pelo CNDH:

“A gente via como algo distante, apenas em livros de história, mas meu filho estuda numa escola municipal e trouxe para casa relatos de saudações nazistas feitas por adoradores de Hitler em sala de aula, na hora do recreio”, alertou. Representante dos pais no Conselho Municipal de Educação, Santana denunciou o caso numa reunião, então escutou de diretoras de outros colégios que “aquilo não está acontecendo só no Ibura, não”.

Carlos Nicodemos anunciou que o CNDH vai requisitar às autoridades municipais informações sobre o que está sendo feito em relação às denúncias.

Já o advogado Bruno Ribeiro, da Comissão Pastoral da Terra e conselheiro do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop), alertou sobre a necessidade mudar a abordagem do problema: “já não é mais uma questão de células neonazistas, mas de todo um organismo bastante articulado; também já não cabe falar de discurso de ódio, mas de prática de ódio”.

Érica Del Giudice recorre aos dados levantados pela antropóloga Adriana Magalhães Dias, autora da pesquisa mais profunda que já se fez no Brasil sobre o avanço desses grupos no país. “É comum a mídia destacar que, durante o governo Bolsonaro, de 2019 a 2022, houve crescimento de 270% de células neonazistas no Brasil, mas outro dado ajuda a entender melhor a questão: de 2015 a 2019, ou seja, a partir das manifestações contra Dilma Rousseff até a posse de Bolsonaro, a taxa de crescimento foi de 1.400%”.

Ou seja, o nazismo brasileiro cresceu com o lavajatismo e com as passeatas “patrióticas” pelo impeachment.

segunda-feira, 28 de julho de 2025

Comandos militares temem não ser mais possível separar o joio do trigo

A frase repetida à exaustão, tanto pelo comandante Tomas Paiva quanto pelo ministro José Múcio, “é preciso separar o joio do trigo”, caiu no vazio.

Por Denise Assis (Jornalista)

28 de julho de 2025

 

Militares e os atos golpistas (Foto: Agência Brasil (Joedson Alves / Elza Fiúza))

 

Não foi mera decisão do ministro Alexandre de Moraes, o motivo para que os oficiais do Exército, que depuseram nesta segunda-feira, (28/07), na Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) e compõem o núcleo 3 dos réus acusados de cinco crimes, dentre eles, golpe de Estado, se apresentassem sem a farda. 

Nove entre os dez depoentes desta segunda-feira são oficiais do Exército, bem como no processo que corre no STF eles são maioria. Em conversas informais com o Comando, foi revelado ao ministro o quanto foi constrangedor ver o tenente-coronel Mauro Cid depondo fardado. E o quanto mais seria ver praticamente todos os depoentes do núcleo 3 - com exceção de Wladimir Matos Soares (policial federal) -, envergando o uniforme da Força.  Ficar

A frase repetida à exaustão, tanto pelo comandante do Exército, Tomas Paiva, quanto pelo ministro da Defesa, José Múcio, “é preciso separar o joio do trigo”, caiu no vazio. O Exército Brasileiro viu o nome da instituição despencar nas pesquisas de confiança da população, desde o episódio de 8 de janeiro, e emergir das apurações que levaram ao banco dos réus a fileira de oficiais, incluindo generais e ex-comandantes.

O que a sociedade atestou, em termos de despreparo, de dificuldade em se expressar e do (des)nível intelectual dos inquiridos, colou uma nódoa indelével no frontispício do quartel general. Impossível não questionar que tipo de gente é essa que chega ao generalato às custas do erário público, sabendo como ninguém trair os princípios militares, se dispor a contrariar a Constituição e até montar planos de assassinato com todo o tipo de arma e até mesmo envenenamento? Por essas e outras, não dá mais para “desmisturar” o joio do trigo. A menos que se altere a formação para a carreira.

Ficou patente que não foi apenas um “deslize moral”. Foi, isto sim, falta de orientação adequada. Ensinamentos equivocados, como os aprendidos pelo general Mario Fernandes, expostos em sua monografia à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME). Ali ficou claro que já é hora de abandonar as orientações radicais de anticomunismo, sob pena de virarmos todos nós, cidadãos brasileiros, alvo de seus fuzis e punhais “verde-amarelo”. Sua dissertação discorre todo o tempo sobre como combater o “inimigo interno”. Ou seja, a sociedade brasileira. E foi aceita. E ele foi aprovado com elogios.

Ao confessar que sim, foi o autor do “Plano Punhal Verde-Amarelo”, o general exibiu, mais uma vez, até onde pode ir um oficial do Exército mal instruído. O general Fernandes foi formado dentro das fileiras da instituição, e isto não se pode separar ou negar. É o joio junto com o trigo.

Mesmo os ditos “legalistas” estão perturbados com o julgamento e o que o país assistiu. A esta altura, importa pouco ou nada, para eles, o destino de Bolsonaro, dizem. A questão é o número de militares envolvidos. Já dão como perdidos (expulsos) o tenente-coronel Mauro Cid, o general Braga Netto e o general Mário Fernandes. A questão para os comandantes, agora, é tentar salvar outros nomes, como o general Estevam Cals Theophilo. A empreitada pode ser “missão impossível”. Basta lembrar que Theophilo é o general que ao ver Freire Gomes deixar a conspiração e se negar a comandar o golpe, se ofereceu para estar à frente das tropas, como consta da denúncia da PGR. Bastava que Jair assinasse e ele cumpriria a ordem “fora da ordem”.

A certeza dos comandantes é a de que se surgirem mais novidades e nomes que foram do Alto Comando seria muito ruim para o controle deles. Não se conformam com a confissão do Mario Fernandes, classificada por eles de “suicida”. O que esperaram? Que além de potencial assassino se acovardasse? Alguns mais “espertos” do Alto Comando, comentam que o general Fernandes confiou na “anistia”, com a ajuda de Trump, o que lhe deu ousadia e "coragem" para virar chefe do bolsonarismo sem os Bolsonaro.

Após o estrago e a incerteza sobre os desdobramentos do atual quadro, a defesa de Mario Fernandes correu a desmenti-lo, mas ele candidamente já havia detalhado o parto do seu plano. Como quem aposta que o acaso vai lhe proteger enquanto ele andar distraído, contou que o plano não passou de "pensamentos digitalizados". Foi como o derramar de um copo d’água sobre o teclado. Como se os seus pensamentos tivessem entornado sobre o computador os seus instintos mais primitivos. 

Já passou da hora de os oficiais comandantes repensarem os ensinamentos transmitidos para os que ingressam na carreira militar. Enquanto começarem com: “Era uma vez um país ameaçado pelo comunismo, e que foi salvo pelos militares”, pegam um caminho sem volta. A partir dessa premissa são obrigados a continuar mentindo sobre o que já foi apurado à exaustão por historiadores, jornalistas, acadêmicos de modo geral. 

Precisam começar por: houve um golpe em 1964, que derrubou um presidente eleito democraticamente e jogou o Brasil numa ditadura sanguinária, tendo à frente a cadeia de comando que começava na presidência - preenchida por ditadores -, e desaguava nos porões, lugar dos de menor patente. Ali, pelas mãos de militares, corpos foram massacrados, reputações destruídas e o futuro não existia. Agora que o temos em perspectiva, que permitam, pelo menos, que o 8 de janeiro seja passado a limpo e os seus idealizadores, punidos. O Brasil saiu do mapa da fome. Que saia também do mapa da mentira.

Para que não se esqueçam, os réus ouvidos hoje são: Bernardo Romão Correa Neto (coronel), Estevam Theophilo (general da reserva), Fabrício Moreira de Bastos (coronel), Hélio Ferreira Lima (tenente-coronel), Márcio Nunes de Resende Júnior (coronel), Rafael Martins de Oliveira (tenente-coronel), Rodrigo Bezerra de Azevedo (tenente-coronel), Ronald Ferreira de Araújo Júnior (tenente-coronel), Sérgio Ricardo Cavaliere (tenente-coronel) e o único que não é militar: Wladimir Matos Soares (policial federal). 

EM TEMPO: O poder encanta as pessoas. Mas, não deveria encantar os militares das Forças Armadas, os quais são treinados e capacitados para enfrentarem e vencerem os desafios do cotidiano. O ex-presidente militar o general Ernesto Geisel já dizia que Bozo era um mal militar. O seu comandante, general Leônidas Pires, proibiu Bozo de visitar as dependências dos quartéis, pois o Bozo queria agitar a Caserna para aumento do soldo dos militares. Mas, Bozo era tão indisciplinado que pretendia jogar uma bomba para explodir o Adutora do Guandú no RJ. Por fim o Bozo foi expulso do Exército. Não entender isso é demais para os membros da carreira militar. Convém lembrar que o governo do ex-presidente dos EUA, Joe Biden, enviou uma  Generala do Cone Sul, se reunir com o Alto Comando das Forças Armadas e dizer em alto e bom som que os EUA não apoiava Golpe Militar no Brasil. Insistir no erro em rasgar a Constituição e a Democracia, só faz desgastar  a imagem das Forças Armadas. Por fim quero dizer que Trump é profissional e usa Bozo para combater o Brasil e o BRICS. Como já disse Trump: "manda quem tem as cartas".

Breno Altman denuncia a barbárie promovida por Israel em Gaza e diz que fora do socialismo não há solução

Em entrevista a Hildegard Angel, jornalista afirma que o genocídio é expressão do supremacismo sionista e aponta o socialismo como única alternativa

Breno Altman (Foto: Reprodução Youtube)



 






Redação Brasil 247

247 – Em entrevista concedida à jornalista Hildegard Angel, publicada na TV 247, o jornalista e comentarista político Breno Altman fez duras críticas ao Estado de Israel e denunciou o que classificou como genocídio contra o povo palestino. Judeu, comunista e antissionista, Altman afirmou que o regime sionista se forjou na lógica da supremacia étnica e da violência colonial e que, diante da brutalidade atual, “fora do socialismo não há solução”.

“Nenhum judeu fez tão mal ao povo judeu quanto Netanyahu”, afirmou, ao caracterizar o atual primeiro-ministro israelense como o mais destrutivo entre todos os líderes do país. Altman destacou que o genocídio em Gaza não é um desvio, mas o ápice de um projeto ideológico estruturado no supremacismo sionista, em que a desumanização do povo palestino é central.

Crítica ao sionismo e reapropriação da história judaica

Segundo Altman, o sionismo nasceu no século XIX como uma doutrina colonial e racista, disfarçada de resposta ao antissemitismo europeu. “O sionismo é só uma corrente ideológica. Ele não é o judaísmo”, afirmou, lembrando que até setores religiosos, como o grupo Neturei Karta, se opõem à existência do Estado de Israel por considerarem que sua criação viola os princípios do Talmud.

O jornalista se mostrou particularmente indignado com o uso político do Holocausto para justificar os crimes cometidos hoje contra os palestinos: “Eu me sinto ultrajado quando vejo o sionismo usar o sofrimento dos meus antepassados como justificativa para uma monstruosidade atual”.

Perseguição judicial e lawfare

Breno Altman revelou ter sido alvo de processos judiciais movidos por representantes da comunidade sionista brasileira. Ele foi condenado em primeira instância a três meses de prisão por chamar dois apoiadores de Israel de “covardes”, mas a pena foi revertida na segunda instância. “Acho que é o único caso da história judicial brasileira em que alguém foi condenado à prisão por chamar o outro de covarde”, disse. Ele também denunciou o uso da tática SLAPP (ações judiciais estratégicas contra a participação pública) para tentar silenciá-lo politicamente.

Sionismo e nazismo: o peso das comparações

A entrevista também abordou o polêmico tema da colaboração entre setores sionistas e o regime nazista. Altman citou o Acordo de Haavara, firmado em 1933 entre a Federação Sionista da Alemanha e o governo de Adolf Hitler, que permitia a migração de judeus para a Palestina em troca de ativos usados para comprar produtos alemães. “O sionismo é o nazi-judaísmo”, afirmou. Segundo ele, o regime israelense de hoje repete a lógica de desumanização do nazismo, com métodos semelhantes aos usados nos campos de concentração.

Ele também comentou o papel simbólico e político do presidente Lula ao denunciar, em fevereiro de 2024 na Etiópia, a semelhança entre os métodos de Israel e os do nazismo. “Lula tocou na ferida moral do sionismo”, disse.

Relatos pessoais e tradição comunista judaica

Ao longo da entrevista, Altman compartilhou a trajetória antissionista e comunista de sua família judaica. Sua avó, Frida, rompeu com o pai ao se filiar ao Partido Comunista no interior de São Paulo. Seu avô paterno, militante desde os 9 anos em Varsóvia, suicidou-se após entrar em depressão com o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, que denunciou os crimes de Stálin.

A tradição cultural judaica também foi abordada com franqueza e afeto, com relatos sobre a disciplina intelectual imposta por seu pai — como a meta de ler 50 páginas por dia — e reflexões sobre o valor da cultura, da música e da solidariedade. “A cultura é a única coisa que não te tiram”, relembrou.

A causa palestina como régua moral dos tempos

Altman afirmou que a causa palestina é o grande divisor moral da atualidade: “Ela é a linha que separa os bons dos maus. A maneira como governos e indivíduos se comportam diante do genocídio palestino define de que lado da história estão”.

Para ele, o capitalismo atual leva à barbárie, e apenas o socialismo oferece uma saída real para a humanidade. “Estamos vivendo um ponto de inflexão. A causa palestina é o maior desafio ético e geopolítico do nosso tempo, e não há mais solução possível fora do socialismo”, concluiu. Assista:

https://www.youtube.com/watch?v=82qM4FqP0r4&t=5s 

EM TEMPO: Realmente o jornalista Breno tem razão: não há como as reivindicações da população serem atendidas nos limites do capitalismo. 

sábado, 26 de julho de 2025

Israel tentou forçar França a desistir de reconhecimento da Palestina

Governo de Netanyahu advertiu Paris com restrições em inteligência e sugeriu anexações na Cisjordânia caso decisão se confirme na ONU

26 de julho de 2025



O presidente francês Emmanuel Macron 23/07/2025 (Foto: REUTERS/Abdul Saboor)




Redação Brasil 247

247 - Israel intensifica pressões diplomáticas para dissuadir a França de reconhecer oficialmente o Estado da Palestina, previsto para setembro deste ano, durante a próxima reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas. A informação foi revelada pela agência Reuters, com base em declarações de autoridades francesas e diplomatas que acompanham o processo.

A movimentação diplomática liderada por Tel Aviv inclui advertências formais de que poderá restringir o intercâmbio de informações de inteligência com Paris e dificultar iniciativas regionais lideradas pelos franceses. Em conversas reservadas, Israel também sinalizou a possibilidade de uma anexação parcial de territórios na Cisjordânia como resposta à decisão francesa.

 “A pressão de Israel tem sido constante nos últimos meses”, afirmou uma autoridade francesa sob condição de anonimato à Reuters. Segundo ela, o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tem tentado influenciar diretamente o presidente Emmanuel Macron para evitar o reconhecimento. No entanto, Paris considera que “Netanyahu agirá de qualquer forma na Cisjordânia, com ou sem o apoio francês”, completou a fonte.

Em declaração pública feita na quinta-feira (24), Macron confirmou que a França está decidida a reconhecer oficialmente o Estado palestino durante a conferência da ONU, mesmo diante das advertências israelenses. A decisão marca uma inflexão importante na política externa francesa, com potencial para reconfigurar parte do debate diplomático europeu sobre a questão palestina.

A França tem se articulado com outros países na tentativa de ampliar o apoio à iniciativa, embora ainda enfrente resistência de aliados históricos como Reino Unido e Canadá. “Seguiremos pressionando para que outros governos se unam à nossa posição”, declarou o diplomata ouvido pela agência, destacando que o reconhecimento busca fortalecer a solução de dois Estados como base para um acordo de paz duradouro no Oriente Médio.

 

sexta-feira, 25 de julho de 2025

Brasil tem pouco a perder retaliando EUA e Trump respeita coragem, diz Nobel de Economia à BBC Brasil



Paul Krugman é especialista em comércio internacional, vencedor do Prêmio Nobel de Economia e um dos economistas mais influentes da atualidade.





O Brasil está diante de uma encruzilhada nas suas relações com o país mais rico do planeta. Na próxima semana, devem entrar em vigor tarifas de importação de 50% sobre produtos brasileiros — a maior alíquota anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em sua ofensiva comercial com todo o mundo.

Trump vê Bolsonaro como alma gêmea

Paul Krugman é um dos economistas mais influentes do mundo — tanto por sua obra acadêmica como por suas colunas, antes escritas para o jornal The New York Times e atualmente distribuídas na internet pelo site de newsletters Substack.

O economista americano de 72 anos ganhou sozinho o Prêmio Nobel de Economia de 2008 por suas contribuições em um ramo da disciplina conhecido como "nova teoria do comércio" — que sugere que a maior parte do comércio internacional acontece entre países com níveis semelhantes de desenvolvimento, uma noção que contradiz a maioria dos modelos econômicos anteriores aos anos 1980.

Krugman costuma ser classificado como um dos principais economistas da corrente neo-keynesiana de pensamento na Economia, que buscou reabilitar algumas ideias do economista britânico John Maynard Keynes (1883-1946). Keynes foi um dos principais proponentes de teorias macroeconômicas sobre como os governos podem intervir para estabilizar problemas na economia dos países.

Nas últimas semanas, Krugman tratou do Brasil em dois artigos. Primeiro, classificando as tarifas de Trump contra o país de "demoníacas e megalomaníacas". E depois, sugerindo que o Brasil "pode ter inventado o futuro do dinheiro" com o sistema de pagamentos Pix.

Em entrevista à BBC News Brasil, Krugman disse não acreditar que exista um grande problema ideológico de Trump com o Brasil — como por exemplo o alinhamento do país com a China no grupo dos Brics.

O economista americano sugere que a carta de Trump ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve ser lida ao pé da letra — como uma indignação do americano com a forma como o Brasil está julgando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

"A primeira coisa que ele menciona é que vocês [brasileiros] têm a ousadia de realmente levar a julgamento um ex-presidente que tentou anular uma eleição. Do ponto de vista de Trump, isso é pessoal. Ele claramente vê Bolsonaro como uma alma gêmea. E é disso que se trata", disse Krugman.

"Isso tudo é, em grande parte, Trump dizendo: 'Ei, eu tentei derrubar uma eleição e ninguém me puniu. Então, como o Brasil ousa tentar fazer isso com o Bolsonaro?'"

Krugman diz que carta de Trump deve ser levada ao pé da letra, e que indignação do americano com tratamento a Bolsonaro é mesmo o principal motivo das medidas contra o Brasil

Investigação dos EUA sobre Pix é 'insana'

Sobre o Pix, Krugman diz que é surpreendente que o Brasil tenha sido responsável por uma inovação tecnológica de ponta no sistema bancário — e que isso teria despertado rancores no setor privado americano, principalmente entre operadoras americanas de cartão de crédito, que estão perdendo mercado.

decisão do governo dos EUA de incluírem o Pix em uma investigação comercial contra o Brasil por supostas práticas ilegais "é fundamentalmente insana", segundo Krugman.

"Se um país tem um sistema de pagamentos que pode fazer um trabalho melhor do que algo oferecido por uma empresa estrangeira, isso deveria ser perfeitamente razoável. Eu diria que, se alguém está violando a lei do comércio internacional, seriam os EUA."

A eficiência do Pix também estaria despertando raiva do mundo de criptomoedas, segundo ele por conseguir entregar o que moedas como bitcoin nunca conseguiram fazer.

Krugman se diz preocupado com o futuro da democracia nos EUA. Ele acha que existe uma grande chance de historiadores do futuro olharem para esse período na e dizerem que 2025 foi o ano em que a democracia acabou nos EUA.

E também elogiou a reação das instituições brasileiras aos ataques que a democracia do país sofreu nos últimos anos.

Confira abaixo a entrevista que ele deu para a BBC News Brasil.

quinta-feira, 24 de julho de 2025

Tarifaço de Trump esconde ação da CIA em conjunto com Bolsonaro para 2ª tentativa de golpe contra Lula

Segundo Jamil Chade, inteligência brasileira vê atuação dos EUA para desestabilizar Lula com apoio de Eduardo Bolsonaro e bolsonaristas no exterior

24 de julho de 2025



Lula e um ato contra Donald Trump e Jair Bolsonaro (Foto: Ricardo Stuckert / PR I Paulo Pinto / Agência Brasil)

Redação Brasil 247

247 - Agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) estão em alerta diante de indícios de que ações recentes do bolsonarismo não são apenas iniciativas isoladas de grupos extremistas nacionais, mas parte de um plano articulado com apoio direto do governo dos Estados Unidos. Segundo Jamil Chade, do Vero Notícias, cresce a convicção dentro da inteligência brasileira de que a estratégia para desestabilizar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conta com envolvimento da CIA e aval da Casa Branca, sob o comando do presidente Donald Trump.

O sinal mais evidente dessa ofensiva seria o chamado “tarifaço” imposto ao Brasil por Trump, acompanhado de uma retórica agressiva contra o governo brasileiro e do fechamento de canais diplomáticos. Para analistas, essas medidas seriam apenas a face pública de uma operação mais profunda, com raízes no serviço secreto norte-americano e execução via personagens-chave do bolsonarismo.

 “Trata-se de um típico roteiro elaborado pela CIA, alimentando atores nacionais para justificar um interesse estratégico estrangeiro”, afirmou um agente da Abin lotado no exterior.

Eduardo Bolsonaro radicaliza sob proteção - Entre os principais sinais de que algo maior está em curso, a Abin destaca o comportamento cada vez mais hostil e desafiador do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Nas últimas semanas, ele intensificou ataques à Polícia Federal, a ministros do Supremo Tribunal Federal e ao próprio Congresso, adotando um discurso de enfrentamento e desinformação sem demonstrar receio de punições.

Segundo integrantes do serviço de inteligência, essa postura indica a percepção de proteção internacional. O paralelo com o movimento trumpista é claro: nos EUA, Trump e seus apoiadores se movem sob o discurso da “liberdade contra o sistema”, e agora aplica-se ao Brasil o mesmo enredo, com os Bolsonaro no papel de mártires de um suposto regime autoritário.

De acordo com os analistas, a narrativa construída segue um roteiro clássico: um ex-presidente supostamente “amado pelo povo” (Jair Bolsonaro), “exilados” perseguidos politicamente (como Eduardo, Allan dos Santos e Paulo Figueiredo) e “ditadores” que usurpam o poder (nas figuras de Lula e Alexandre de Moraes).

“A palavra-chave é desestabilização”, alertou um experiente agente da inteligência. O objetivo, segundo ele, é fragilizar o governo brasileiro e preparar o terreno para que, em 2026, os EUA tenham um aliado incondicional no poder em Brasília.

Alerta ignorado pelo governo - Ainda em agosto de 2024, antes das eleições norte-americanas, diplomatas brasileiros elaboraram um mapeamento dos nomes influentes em um eventual segundo governo Trump. A recomendação era abrir canais com esses interlocutores para conter possíveis choques futuros.

A Abin sugeriu inclusive traçar um perfil psicológico de Trump, visando identificar traços de personalidade e vulnerabilidades que pudessem ser exploradas diplomaticamente. Mas essas propostas ficaram paradas em gavetas do Itamaraty e do Palácio do Planalto, sem implementação prática.

Agora, com os primeiros sinais concretos de uma operação em curso, integrantes da diplomacia avaliam que o país poderá enfrentar um longo ciclo de instabilidade. O uso de sanções econômicas, campanhas de desinformação e manipulação de redes sociais serve para construir, aos poucos, a narrativa de ilegitimidade de um governo eleito.

“Falta apenas um Juan Guaidó brasileiro para se consolidar a existência de uma tentativa de golpe”, disse um diplomata experiente, fazendo referência ao líder opositor venezuelano apoiado pelos EUA.