Instrumento criado no encontro anual do Novo Banco de Desenvolvimento, no Rio, reduzirá riscos e custo de financiamento para o Sul Global
05 de julho de 2025
A presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento
(NDB), formado por membros do Brics, Dilma Rousseff, faz pronunciamento à
imprensa com a diretoria durante o 10° Encontro Anual, em Copacabana (RJ)
(Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
247 - O grupo
BRICS anunciou a criação do Fundo Multilateral de Garantias do BRICS (BMG),
iniciativa que representa uma importante vitória política da presidenta do Novo
Banco de Desenvolvimento (NDB), Dilma Rousseff, durante o décimo encontro anual
da instituição, realizado no Rio de Janeiro nos dias 4 e 5 de julho.
Inspirado na Agência Multilateral de
Garantia de Investimentos (MIGA), do Banco Mundial, o fundo visa reduzir os
custos de financiamento de projetos e ampliar o fluxo de investimentos,
especialmente em infraestrutura, adaptação climática e desenvolvimento
sustentável nos países do Sul Global.
A expectativa de Dilma Rousseff é que
o BMG reduza significativamente os riscos percebidos por investidores e bancos
comerciais, além de baratear o custo do crédito para governos e empresas que
atuam em setores estratégicos nos países em desenvolvimento.
“O fundo é um instrumento de garantia
com peso político relevante. Envia a mensagem de que os BRICS estão vivos,
criando soluções e fortalecendo o NDB diante dos desafios do mundo atual”,
disse uma fonte envolvida nas negociações.
A proposta, incubada no NDB, já
recebeu aprovação técnica dos países-membros e deve ser formalizada em breve
pelos ministros das finanças do bloco, o que é considerado uma formalidade. A
iniciativa não exigirá aportes adicionais neste momento — o fundo será
inicialmente alimentado com recursos já existentes no banco.
Ainda não foi divulgado o valor
inicial do fundo, mas os formuladores estimam que cada dólar em garantia possa alavancar
entre cinco e dez dólares em capital privado para projetos previamente
aprovados.
A iniciativa será destacada na
declaração conjunta da cúpula dos BRICS, que começa neste domingo (6), no Rio
de Janeiro, durante a presidência rotativa do Brasil.
O bloco conta hoje com dez membros
plenos: Brasil, China, Egito, Etiópia, Índia, Indonésia, Irã, Rússia, África do
Sul e Emirados Árabes Unidos. Argélia, Bangladesh, Colômbia e Uruguai são
membros do NDB sem fazer parte oficialmente do grupo BRICS. Outros países, como
Belarus, Bolívia, Cuba, Cazaquistão, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda,
Uzbequistão e Vietnã, são considerados “nações parceiras”, mas não têm direito
a voto.
Os trabalhos técnicos para operacionalização do
fundo devem ser concluídos até o fim de 2025, com os primeiros projetos-piloto
previstos para 2026.