Redação, Yahoo Notícias, 18 de julho de 2020
With the red plume of the helmet of an honor guard
in the foreground, Brazils President Jair Bolsonaro, left, receives military
honors from Army Commander General Edson Leal Pujol, center, during a military
ceremony for the Day of the Soldier, at Army Headquarters in Brasilia, Brazil,
Friday, Aug. 23, 2019. Brazilian President Jair Bolsonaro says he's leaning
toward sending the army to help fight Amazon fires that have alarmed people
across the globe. (AP Photo/Eraldo
Peres)
A quantidade de militares da ativa e da reserva que ocupam cargos civis no governo federal mais do que dobrou nos dois primeiros anos da gestão de Jair Bolsonaro. É o que revela um levantamento do Tribunal de Contas da União (TCU), concluído na tarde desta sexta-feira.
Em 2018, havia 2.765 militares em
cargos civis do governo federal. Em 2019, o número chegou a 3.515 cargos
destinados a servidores oriundos da caserna. E em 2020, o total chegou a 6.157,
um aumento de 122%.
O levantamento mostra pela primeira
vez o tamanho da militarização dos espaços civis na União. Os dados mostram que
já atuam no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) 1.969 militares da
reserva. Eles têm contratos temporários, numa estratégia definida para tentar
reduzir a fila de processos de aposentadoria e outros benefícios à espera de
uma deliberação do órgão. Antes de 2020, no período levado em conta para a
comparação, não havia esse tipo de contrato destinado a militares da reserva.
Um dos aumentos mais expressivos
ocorreu entre militares que passaram a ocupar cargos comissionados. Eram 1.965
em 2016, número que foi caindo até 2018, para 1.934. Já no primeiro ano do
governo Bolsonaro, a quantidade subiu para 2.324, um aumento de 20%. Neste ano,
são 2.643 militares ocupando esses cargos, ou 34,5% a mais.
A quantidade de militares que
acumulam cargos de profissionais de saúde na esfera civil quase dobrou entre
2016 e 2020: de 642 para 1.249. Entre os professores, houve uma pequena
redução, de 197 em 2016 para 179 neste ano.
O levantamento feito pelo TCU inclui
ainda os militares que acumulam a função com cargos temporários, um número
baixo e que permaneceu estável ao longo dos anos (são 37 em 2020). Há ainda 72
que foram para a reserva e que tomaram posse em outros cargos antes de dezembro
de 1998, o que foi permitido por uma emenda constitucional naquele ano. Há
cinco anos, havia 121 militares nessa condição, conforme os dados compilados
pelo TCU.
Uma outra novidade do governo
Bolsonaro, segundo os números levantados pelo TCU referentes aos últimos cinco
anos, é a presença de militares em conselhos de administração de estatais,
função pela qual recebem pagamentos adicionais, e em "cargos na alta
administração do Poder Executivo".
Oito militares estão nessas posições,
conforme o TCU. Nenhum as ocupou em 2016, 2017, 2018 e 2019, afirma o tribunal.
O levantamento pode estar defasado por inexistir acesso do tribunal a todas as
bases das estatais.
Já os 1.969 militares da reserva que
estão no INSS foram escolhidos a partir de um processo seletivo. A atuação
deles no órgão, focada na tentativa de redução das filas formadas para obtenção
de benefícios, é por tempo determinado.
Nesta semana, o Ministério
Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) solicitou que seja apurada
a participação de militares da ativa em funções públicas civis no governo
federal. O pedido — do subprocurador Lucas Rocha Furtado — foi feito
em meio a críticas à presença dos militares no governo. De acordo com Furtado,
o trecho da Constituição que autoriza o uso de militares da ativa em cargos
civis principalmente para "melhorar o atendimento a populações de regiões
de fronteira e distantes dos grandes centros urbanos".
No fim de semana, o ministro Gilmar Mendes chegou a dizer que "o
Exército está se associando a esse genocídio", numa referência à
incapacidade do Ministério da Saúde, sob comando de militares, em frear o
avanço do novo coronavírus e as mortes provocadas pela doença. Em resposta, o
Ministério da Defesa anunciou uma representação contra Gilmar à Procuradoria-Geral
da Repúblcia (PGR). Nesta sexta-feira, o vice-presidente, Hamilton Mourão, no
entanto, disse considerar como "superado" o "incidente" com
o ministro Gilmar Mendes.
do Extra
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